Mas tudo aquilo começou a ser demais para José. Às preocupações normais de patrão ele acumulava às tarefas de mecânico, encanador, eletricista, apontador, almoxarife, contador, motorista... Assim não havia quem aguentasse e chegou a pensar até em parar de fabricar a "Amélia". Por isso, em 1973, Joaquim Antônio, segundo filho de José, veio em socorro do pai. Largou o trabalho na área de telecomunicações e chegou à Santa Luzia disposto a arregaçar as mangas. Assumiu o setor de vendas e mais uma vez a "Amélia" mudou. Grandes máquinas passaram a lavar, a encher, a tapar e a rotular as garrafas. Se antes se engarrafava 1.500 por dia, agora eram 6 mil.
Na cidade grande, o filho mais velho de José começou a sentir uma inexplicável nostalgia que não custou a identificar como sendo saudade da roça, dos canaviais, do barulho do monjolo, do cheiro da garapa. Afinal, para quem na infância caçava passarinho e nadava na misteriosa lagoa, oito anos como engenheiro em São Paulo já era tempo demais. E assim José Maria, reunido com o pai e o irmão, tendo a barulheira do engenho ao fundo, propôs sociedade a eles.
Falou de seus planos. Do desejo de modernizar e expandir a empresa. Nem precisou de muito tempo para convencer José e Joaquim. Dia 30 de setembro de 77, liberado pela multinacional de telefonia onde trabalhava, José Maria muda-se no dia seguinte para Paraisópolis. E aí sim o pacato bairro da Lagoa soube o que era confusão.
Foi um entra e sai de máquinas e equipamentos sem fim: caldeira de 250 m3 de vapor por hora, dois ternos de moenda 18 x 30 com cabeçote hidráulico, motores para moenda e picador, conjunto de transmissão, coluna de destilação, tanques para fermentação, esteira de cana e bagaço. Tudo deixado ali por enormes carretas que mal conseguiam transitar pela estradinha de terra que levava à Fazenda Santa Luzia. Boquiaberta, a Lagoa assistia ao futuro chegando.